“Lugar de militar é nos quartéis”, diz Ivo Herzog. Escola em São Bernardo do Campo (SP) manifestou interesse em adotar modelo cívico-militar. Sindjor-PB se solidariza com familiares de Herzog no protesto pela atitude da Escola
“Lugar de militar é nos quartéis, não nas escolas. A família Herzog protesta fortemente em relação ao projeto de tornar a Escola Estadual Jornalista Vladimir Herzog, uma escola civil-militar. Caso o projeto caminhe, iremos tomar as medidas cabíveis para que o nome do meu pai não se associe a esta atrocidade”, afirmou Ivo Herzog à coluna.
A diretoria da escola manifestou
o interesse na educação militarizada na quinta-feira (18/7). A comunidade
escolar ainda precisa ser ouvida em três consultas públicas no próximo mês. O
governo paulista fará o anúncio final em 30 de agosto.
Presidente do Conselho do
Instituto Vladimir Herzog, Ivo tinha 9 anos quando seu pai foi preso, torturado
e morto pela ditadura militar. Em outubro de 1975, Herzog se apresentou ao
Destacamento de Operações e Informações-Centro de Operações e Defesa Interna
(DOI-Codi) depois que foi intimado a “prestar esclarecimentos”. Herzog foi
assassinado na prisão, a exemplo de dezenas de outros crimes cometidos pelas
Forças Armadas na ditadura.
O Exército, na época, alegou que
o jornalista da TV Cultura cometera suicídio, e divulgou uma foto em que Herzog
aparecia enforcado com os joelhos rentes ao chão. Em 1978, a Justiça atendeu a
um pedido da família Herzog e condenou a União como responsável pela prisão,
pela tortura e pelo assassinato do jornalista.
Em 2013, a Comissão da Verdade embasou a mudança do atestado de óbito de Vlado para “lesões e maus-tratos sofridas em dependência do Exército”. Já em 2018, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Estado brasileiro pelo homicídio. Foi o primeiro julgamento em que o órgão reconheceu como crime contra a humanidade um assassinato cometido pela ditadura militar.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba (Sindjor-PB), em nome do que representa o episódio da tortura e morte do jornalista Vladimir Herzog para a história do Brasil, se solidariza com a família do jornalista na manifestação de indignação e repúdio pela atitude da direção da Escola e do Governo do Estado de São Paulo em querer adotar o militarismo na unidade de ensino.
Diante da enorme repercussão do caso e da divergência pedagógica a respeito do próprio modelo de escola cívico-militar, a direção da Escola Vladimir Herzog emitiu nota à comunidade escolar.
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